quinta-feira, 14 de outubro de 2010







Eu tava rezando ali completamente
Um crente, uma lente, era uma visão
Totalmente terceiro sexo, totalmente terceiro mundo,
terceiro milênio
Carne nua nua nua nua nua
Era tão gozado
Era um trio elétrico, era fantasia
Escola de samba na televisão
Cruz no fim túnel, becos sem saída
E eu era a saída, melodia, meio-dia, dia, dia
Era o que eu dizia:
Eu sou neguinha?
Mas via outras coisas:
via um moço forte
E a mulher macia den'da da escuridão
Via o que é visivel,
via o que não via
E o que a poesia e a profecia não vêem,
mas
vêem, vêem, vêem, vêem
É o que parecia
Que as coisas conversam coisas supreendentes
Fatalmente erram, acham solução
E que, o mesmo signo que eu tento ler e ser
É apenas o possível ou o impossível em mim em mim em mil em mil
e a pergunta vinha:
Eu sou neguinha?
Eu sou neguinha...

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